sexta-feira, maio 3, 2024
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Senado analisa quatro propostas para regularizar vaquejada

PARAIBANENSES FORAM A BRASÍLIA REIVINDICAR CULTURA DA VAQUEJADA.

Paraibanenses em Brassília defendendo nossa Vaquejada. Foto: Toin Paraibano.
Paraibanenses em Brassília defendendo nossa Vaquejada. Foto: Toin Paraibano.

Em meio a protestos de vaqueiros e criadores de cavalos, que pararam o trânsito nesta terça-feira (25) na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, o Senado analisa quatro propostas para regulamentar a prática.

Os manifestantes protestam contra decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que derrubou lei estadual regulamentando a vaquejada. Os ministros acataram argumento de que a atividade impõe sofrimento aos animais. A decisão torna a prática inconstitucional, uma vez que a Constituição protege os animais contra a crueldade.

Na segunda-feira (24), líderes do movimento foram recebidos pelo presidente do Senado, Renan Calheiros. Ele se mostrou favorável à edição de norma para regulamentar a vaquejada.

“Contem comigo, nós estamos abertos, aqui no Senado, para ouvir todos os anseios da população e garantir o respeito à diversidade da cultura e das tradições brasileiras”, garantiu Renan.

Os manifestantes que vieram a Brasília pedem urgência na legalização da vaquejada e anunciam para o fim do dia uma cavalgada em frente ao Congresso Nacional.

Patrimônio cultural

Vaqueiros de Paraibano MA. em Brasília.
Vaqueiros de Paraibano MA. em Brasília.

Em defesa da vaquejada, três projetos (PLS 377/2016, PLS 378/2016 e PLC 24/2016) classificam a atividade como patrimônio cultural brasileiro e uma proposta de emenda à Constituição (PEC 50/2016) assegura sua continuidade, desde que regulamentada em lei específica que assegure o bem-estar dos animais envolvidos.

Autor da PEC, o senador Otto Alencar (PSD-BA) quer encerrar a controvérsia em torno da vaquejada incluindo no texto constitucional permissão para “as práticas culturais de natureza imaterial que integram o patrimônio cultural brasileiro e comprovadamente não submetam os animais à crueldade”.

Ele também é relator de um dos projetos sobre o tema (PLC 24/2016), que reconhece o rodeio e a vaquejada como manifestações culturais nacionais e patrimônios culturais imateriais.

Em voto favorável ao projeto, Otto Alencar argumenta que a atividade já segue normas estaduais que tratam da segurança dos animais, como a utilização exclusiva de bois adultos, o uso de cauda artificial, a abolição de esporas e a disposição de um mínimo de cinquenta centímetros de areia no local das provas, para amortecer a queda dos animais.

O projeto tramita na Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE) e chegou a entrar em pauta, mas manifestações contrárias dos senadores Antonio Anastasia (PSDB-MG) e Cristovam Buarque (PPS-DF) resultaram em pedido de vista, adiando a decisão sobre a proposta.

Na discussão da proposta na CE, Lídice da Mata (PSB-BA) e Roberto Muniz (PP-BA) apoiaram o projeto. Após passar pela comissão, o texto ainda precisa ser votado pelo Plenário do Senado.

Empregos em risco

dsc_0006Também tramitam na CE o PLS 377/2016, do senador Raimundo Lira (PMDB-PB), e o PLS 378/2016, de Eunício Oliveira (PMDB-CE). Ambos reconhecem a vaquejada como manifestação da cultura nacional e aguardam designação de relator.

O primeiro projeto atribui como competência do Poder Público assegurar o reconhecimento e a valorização da vaquejada como bem cultural imaterial.

Como argumento, Lira afirma que a criação de gado e a figura do vaqueiro marcaram a ocupação das terras do sertão nordestino. Ele ressalta que a vaquejada, originalmente, representava o encerramento festivo do trabalho de marcar e castrar o gado.

“Era a festa da apartação. Feita a separação, acontecia a vaquejada, com provas que mostravam a habilidade dos vaqueiros na lida com o gado”, disse.

Com o tempo, observa Raimundo Lira, a atividade se tornou uma tradição, uma prática cultural, o que justificaria sua manutenção. Além do valor cultural, ele argumenta que vaquejada e rodeio geram 600 mil empregos no país.

O reconhecimento da vaquejada como manifestação da cultura popular também é defendido no projeto de Eunício Oliveira. No texto, ele classifica a prática como atividade recreativa ou competitiva e determina que esteja submetida a normas da defesa sanitária animal.

O projeto torna obrigatório aos organizadores da vaquejada a adoção de medidas de proteção à saúde e à integridade física do público, dos vaqueiros e dos animais.

Obriga, durante a prática da vaquejada, a presença de um médico veterinário, que atuará com árbitro de bem-estar animal, impedindo maus tratos. Esse profissional poderá suspender a participação de animais que tiverem sua integridade física colocada em risco.

O projeto trata ainda do transporte dos animais, do espaço físico para realização das competições e da segurança do público e dos competidores.

Fonte:Portal de Notícias do Senado Federal