quinta-feira, maio 9, 2024
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FAROL DOS SURDOS

Paraibano está perdendo uma “espécie de farol” para a comunidade dos surdos do município.

Para os navegantes perdidos no alto mar da ignorância, a “luz” é uma das formas como as pessoas surdas conseguem decifrar se alguém está por perto e se essa luz mostrar os movimentos de LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais) o mundo terá significado e mudanças importantes para a comunidade como um todo.

Em Paraibano até o ano de 2014 a ignorância desse setor voltado para os surdos era um oceano. O primeiro barco veio com a Associação de Pessoas Com Deficiência em Paraibano (APD), onde os mudos foram inseridos. Mas os primeiros marinheiros não sabiam como conduzir o barco aos sons da tripulação surda… mas eis que nas marés das tentativas de conduzir a embarcação, aparece uma luz que mais tarde vem a se tornar um farol para os marujos que há anos lutavam para serem salvos.

Adaiana Magalhães Feitosa, uma jovem que veio das águas do Pará, para compreender e ensinar aos marinheiros que a maioria dos surdos pode manifestar seus pensamentos e suas ações por meio das mãos, através da LIBRAS.

No ano de 2015 de forma voluntária Adaiana iniciou esse trabalho de dar luz aos surdos de Paraibano “Conheci a comunidade surda na Associação da Pessoa com Deficiência e fui convidada a participar de uma reunião, ali vir à necessidade deles em relação à comunidade, pois os mesmos não tinham uma pessoa com o conhecimento em LIBRAS para está interpretando” revelou a professora Adaiana ao Paraibanonews “Na época a sociedade de Paraibano não tinha muita visão em relação a LIBRAS (Libras é a sigla da Língua Brasileira de Sinais, uma língua de modalidade gestual-visual onde é possível se comunicar através de gestos, expressões faciais) depois que comecei o trabalho voluntário com a comunidade surda, envolvendo-os nos eventos sociais, com as apresentações musicais por meio do coral Mãos Que Falam, a LIBRAS ficou conhecida e a comunidade surda teve mais visão” ressaltou Adaiana.

Durante esses oito anos em que trabalhou de forma voluntária com a comunidade surda de Paraibano, a professora de LIBRAS conseguiu revelar a importância do universo dessas pessoas que são muitas no município e na região.Na tarde da última sexta-feira, 27 de agosto, a professora Adaiana foi abraçada com muita emoção por surdos e familiares. Foi impressionante ver o carinho demonstrado pelos mesmos. O motivo dessas manifestações teve também sensações de “sombras”, pois a luz do farol de Adaiana ficou mais fraca no município. Foi com tristeza que ela se despediu dos seus queridos surdos.

Coral Mãos Que Falam Foto:Leo Lasan

Adaiana encerrou no município o seu grandioso trabalho.

Foi difícil, mas ela conseguiu externar ao Paraibanonews a sua despedida “Amo ensinar, sou apaixonada pela a educação, porém sinto que tenho uma grande missão a cumprir em relação à Língua Brasileira de Sinais. Seja no contexto escolar, social ou religioso sinto o desejo de levar a palavra do Senhor para as pessoas que não ouvem” manifestou a professora “Vou em busca de novas oportunidades, novos horizontes, estou focada em LIBRAS e como o município não tem muito a oferecer nessa área então me sinto também muito limitada aqui” acrescentou Adaiana “Ainda existe uma grande barreira em relação a comunicação entre as pessoas surdas e ouvintes na região, e acredito que inserir e envolvê-los na sociedade deve ser levado em consideração pelos poderes locais! Levando a libras ao conhecimento da comunidade para transformar a sociedade como um todo”.

Adaiana professora de LIBRAS

Para encerrar seu trabalho voluntário em Paraibano, Adaiana Feitosa, antecipou o Dia Nacional da Pessoa Surda que é comemorado no dia 26 de Setembro, e na sexta-feira promoveu uma singela Confraternização, com a participação das professoras Gildete e Valquíria Martins (também professoras de LIBRAS) a quem Adaiana agradeceu muito pela colaboração e pela certeza que ambas continuarão com o ensino no município.

Como o farol de Adaiana conseguiu guiar os surdos até a terra, a despedida também teve águas de benções para todos, e que a luz trazida pela professora também possa iluminar os horizontes de muitos que ainda teimam em ser ignorantes ou errantes por mares navegantes das suas consciências que não abraçam o leme dessas causas necessárias para se chegar ao horizonte.

Obrigado Adaiana por todos os esforços por ajudar nossos paraibanenses. Que o Pará não lhe pare. Vai com Deus e seja luz onde chegar.